Stranger Things episódio 04: O Episódio Mais Sombrio da 5º Temporada expõe o plano final de Vecna e o despertar de um novo poder

Um capítulo decisivo que conecta passado, presente e futuro no universo de Stranger Things

A quinta temporada de Stranger Things vem construindo um clima de urgência que se torna ainda mais intenso no quarto episódio. Aqui, a série mergulha em suas raízes mais sombrias, expande a mitologia do Mundo Invertido e entrega algumas das sequências mais emocionantes desta fase. O resultado é um capítulo que não apenas prepara o terreno para a batalha final, mas também redefine papéis de personagens que, até então, pareciam deslocados na trama. Entre revelações inesperadas, tensões militares e o verdadeiro despertar de Will, o episódio transforma teoria em ação e amarra pontas que vinham sendo sugeridas desde o início da temporada.

Ao mesmo tempo, é um capítulo que reforça a grande crítica recorrente da série: a resistência em permitir que qualquer protagonista enfrente consequências duras. O episódio se equilibra entre o brilhante e o previsível, entregando momentos épicos, mas também tropeçando em fórmulas já conhecidas. Ainda assim, é um dos mais importantes deste primeiro volume, pois finalmente revela a profundidade dos planos de Vecna, enquanto coloca Max, Eleven e Will em posições que mudarão completamente o rumo do confronto que se aproxima.

A aventura no Mundo Invertido e a revelação de Will como peça-chave

A perseguição ao Demogorgon e a entrada no portal

O episódio já começa em alta velocidade, seguindo a sequência imediata da aparição do Demogorgon. Ao atropelarem o monstro, Steve e o grupo testemunham o inimigo capotar e fugir direto para o Mundo Invertido. Sem tempo para hesitação, eles decidem atravessar o portal dirigindo, guiados pelo sinal que rastreava a criatura. Atravessar a barreira entre os mundos reacende o senso de aventura da série, mas também deixa claro que o Mundo Invertido está mais instável do que nunca, com uma muralha gigantesca delimitando Hawkins de forma opressiva.

A colisão com essa parede viva é simbólica, reforçando que a cidade está completamente cercada por forças que não fazem mais questão de se esconder. A partir daqui, o episódio abraça de vez o tom de guerra sobrenatural que vem sendo prometido desde a quarta temporada.

Will recobra a consciência e entende o plano de Vecna

Enquanto o grupo tenta entender o que enfrentará no Mundo Invertido, Will finalmente desperta depois de ter sido brevemente conectado ao Demogorgon. A conexão deixa marcas profundas: visões intensas, informações que ele não deveria saber e uma urgência que o leva a pintar compulsivamente um enorme mural no celeiro. Como Robin deduz, esses desenhos não são apenas lembranças — são fragmentos diretos do plano de Vecna.

A partir das imagens, o grupo descobre que Holly, conectada a uma torre central, não é a única vítima: existem várias crianças ligadas à estrutura, e o objetivo é reunir doze delas para completar o ritual. Essa revelação reforça um eco sinistro da segunda temporada, mas agora numa escala muito maior. É o momento em que fica claro que Vecna não quer apenas destruir Hawkins: ele quer transformá-la em um laboratório vivo.

O ponto central e a volta ao Laboratório Hawkins

Dustin, sempre um passo à frente, percebe que a muralha que circunda Hawkins forma um gigantesco círculo, cujo coração leva exatamente ao Laboratório Hawkins. A coincidência é tão óbvia que se transforma no que realmente é: uma pista intencional. O laboratório, símbolo máximo do trauma das crianças, volta ao centro da narrativa — e dessa vez, como palco essencial para o confronto final.

Max e Holly dentro da mente de Vecna: uma prisão feita de memórias

A caverna que nem Vecna consegue acessar

Em um dos arcos mais fortes do episódio, Max finalmente revela onde esteve desde que escapou da morte. Ela guia Holly até uma fenda estreita que dá acesso a um complexo de cavernas criado dentro da mente de Vecna. Esse lugar reúne memórias embaralhadas, espaços que existem dentro de um multiverso mental formado por milhares de lembranças de Henry.

Max explica que, ao morrer por alguns instantes, foi fisicamente puxada para o Mundo Invertido, mas espiritualmente aprisionada nas lembranças de Vecna. Enquanto vagava, ela testemunhou cenas do massacre de 1959, dos experimentos no laboratório e, principalmente, da noite em que quase morreu. Foi esse trauma repetitivo que a levou até a caverna — o único lugar onde Vecna parece incapaz de entrar, como se ali existisse um ponto cego emocional.

Max transformou esse local em seu refúgio, vivendo em uma espécie de limbo consciente, presa entre a vida real e o coma no hospital. A presença de Holly reforça a gravidade da situação, já que a menina precisa repetir seu papel na torre de Henry como parte do plano de fuga proposto por Max.

Uma maldição que se renova a cada vítima

A explicação de Max ainda reforça algo que a série havia sugerido, mas nunca mostrado com clareza: a maldição de Vecna nunca desaparece. Cada nova vítima abre um novo portal, tornando Hawkins mais vulnerável, mais fragmentada e mais conectada ao Mundo Invertido. O quarto portal, aberto quando Max morreu, dividiu a cidade em duas de maneira literal e simbólica.

Esse trecho do episódio é especialmente forte porque devolve profundidade ao arco de Max, que vinha sendo subaproveitado desde o início da temporada. Sua presença na mente de Henry funciona como a chave narrativa para explicar tanto o passado quanto o que Vecna planeja para o futuro.

A queda do quartel militar e a escalada do caos em Hawkins

Derek como espião e o plano para resgatar as crianças

Com os militares acreditando que Eleven é a responsável pelos ataques, todas as crianças da escola primária são levadas para o quartel em uma operação emergencial. A Dra. Kay conduz a ação com mão de ferro e reforça seu ódio por Eleven, deixando claro que sua interpretação do caso é completamente errada — e perigosa.

Enquanto isso, o grupo de Mike, Will, Lucas e Joyce elabora um plano ambicioso para resgatar as crianças. Derek entra no quartel como espião, levando um walkie-talkie escondido na lancheira. A infiltração funciona por pouco tempo, até que um cano estoura no banheiro e os soldados percebem a presença dos intrusos. A sequência rapidamente evolui para uma tensão crescente, e o quartel militar se transforma em um caos.

A chegada dos Demogorgons e a separação brutal do grupo

É nesse ponto que o episódio atinge um dos momentos mais apavorantes da temporada. Uma série de placas metálicas em Hawkins começa a tremer — e então, dezenas de Demogorgons surgem, quebrando o chão e avançando contra soldados e crianças. Vemos Murray e Robin fugirem em um caminhão, Lucas preso nos túneis com algumas crianças e, de forma ainda mais tensa, Will entrando em convulsão ao sentir Vecna diretamente.

O ataque é brutal, destrutivo e marca a mudança definitiva do tom da temporada. Hawkins não está mais sendo ameaçada. Ela está sendo invadida.

Eleven, Hopper e o retorno da Número 8: a ponte entre passado e presente

A invasão ao complexo militar e a queda da Dra. Kay

No Mundo Invertido, Eleven e Hopper fazem sua própria incursão ao complexo militar. O grupo de Steve tenta chamá-los para ajudar a libertar Holly, mas Hopper mantém o foco na missão em andamento. Ao invadirem o complexo, Eleven tenta usar seus poderes, falha, e a dupla acaba enfrentando um dos momentos mais sufocantes da temporada.

A Dra. Kay reaparece e tenta torturar Hopper, controlando a temperatura da câmara para apertar um dos tentáculos que o prende. A cena é angustiante, mas não dura muito: Eleven consegue atacá-la e Hopper encerra o conflito com um golpe certeiro. O falso sacrifício de Hopper soa como uma repetição de temporadas anteriores, mas ainda assim reforça o vínculo emocional entre os dois.

A revelação: a Número 8 está viva

A verdadeira surpresa acontece quando Eleven finalmente abre o cofre e encontra a Número 8. O retorno da personagem mais controversa da série é inesperado, mas abre espaço para que a produção finalmente corrija o arco mal resolvido da segunda temporada. É uma porta narrativa que pode ser explorada com inteligência — ou repetir erros do passado. O episódio deixa claro que a resposta virá no volume final.

Will desperta seus poderes e se torna a nova arma contra Vecna

O ápice emocional do episódio acontece no confronto com Vecna. O vilão finalmente chega ao complexo, derrota soldados com facilidade e agarra Will para revelar seu plano: transformar as crianças capturadas em receptáculos para seu novo mundo, exatamente como o laboratório fazia sob o comando do Dr. Brenner. Will, segundo ele, foi apenas o primeiro teste.

É nesse momento que as palavras de Robin, lembranças da amizade com Mike e todos os traumas vividos despertam algo profundo em Will. Ele libera uma onda de poder muito semelhante à de Eleven, impedindo uma carnificina completa. Ao finalizar o ataque, limpa o nariz — e se junta oficialmente ao time dos superpoderosos.

É uma virada significativa: depois de temporadas vivendo sob o peso do passado, Will finalmente se torna protagonista da própria história.

Conclusão: um episódio denso, revelador e decisivo para o rumo da temporada

O quarto episódio do volume 1 da quinta temporada de Stranger Things é um dos mais importantes até agora. Ele consolida o plano de Vecna, revela a estrutura de manipulação mental envolvendo Max e Holly, faz Will despertar seus poderes e traz de volta a Número 8. Ao mesmo tempo, expõe as fragilidades da série, como a resistência em permitir grandes consequências e a tendência a repetir certos clichês.

Ainda assim, o episódio prepara um terreno gigantesco para a parte final. Com Hawkins cercada, Vecna livre, as crianças sendo capturadas e a guerra prestes a começar, tudo indica que o volume 2 trará a resolução definitiva de arcos que vêm sendo construídos desde 2016. Agora, resta esperar pelo Natal para descobrir como essa história vai terminar — e se Stranger Things terá coragem de entregar um desfecho verdadeiramente memorável.

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