O Dia do Chacal

Crítica da Temporada 1 de O Dia do Chacal

Visão geral da série

Criada e escrita por Ronan Bennett, e estrelada por Eddie Redmayne e Lashana Lynch, O Dia do Chacal é uma reimaginação moderna do romance clássico de Frederick Forsyth. Com dez episódios lançados entre 7 de novembro e 12 de dezembro de 2024, a produção se destacou como uma das séries de espionagem mais ambiciosas dos últimos anos. Produzida por Sky Studios, Peacock e Carnival Film, com orçamento estimado em £100 milhões, a série já foi renovada para uma segunda temporada.

Enredo e ambientação

A temporada se inicia com um atentado sofisticado patrocinado por interesses ocultos contra Manfred Fest, um político de extrema-direita, na Alemanha. A vítima intermediária é o filho Elias Fest, assassinado por um sniper misterioso. Essa ação desencadeia a caçada liderada por Bianca Pullman (Lashana Lynch), agente balística da MI6, que logo identifica uma arma exótica e um assassino calculista.

À medida que o “Chacal” (Eddie Redmayne) executa uma série de missões globais — do luxo de iates em Croácia até bastidores tecnológicos em Londres — a série explora confrontos, reviravoltas políticas e dilemas pessoais, enquanto Bianca e sua equipe tentam decifrar os padrões por trás das mortes.

Atuações e personagens

Eddie Redmayne entrega uma performance hipnótica como o anti-herói Chacal: metamórfico, frio e preciso. Sua interpretação recebeu reconhecimento em premiações como Critics’ Choice e Golden Globes 2025 (indicação a Melhor Ator em Série Dramática). Críticos descrevem sua interpretação como “reptiliana” e “uma forma nova de atuar”.

Lashana Lynch vive Bianca Pullman, uma agente determinada e impulsiva que equilibra ambição profissional e pressões pessoais. A dinâmica entre ela e o Chacal sustenta boa parte da tensão da temporada.

Úrsula Corberó surge como Nuria, esposa do Chacal em uma relação ambígua que humaniza o assassino, mas também acaba sendo uma fraqueza que ele subestima. Personagens como Charles Dance (Tim Winthrop), Chukwudi Iwuji (Osita Halcrow) e outros membros do MI6 ampliam o universo com intrigas internas e tensão moral.

Direção, tom e estilo

Dirigida por Brian Kirk, Anthony Philipson, Paul Wilmshurst e Anu Menon, a série aposta em cenas de ação elaboradas, localização internacional (Hungria, Croácia, Áustria) e uma estética refinada. O Chacal circula com carros luxuosos, armas técnicas e ambientações visualmente marcantes — quase um personagem adicional.

Embora alguns críticos apontem a extensão excessiva da temporada e os arcos periféricos desnecessários — como o foco em criação de armas e melodrama familiar — a energia dos protagonistas mantém o ritmo.

Ritmo e estrutura narrativa

A série entrega momentos eletrizantes, especialmente nas missões do Chacal, com sequências tensas e perseguições estilizadas. Porém, episódios intermediários se mostram arrastados, preenchidos com subtramas que desviam do foco principal.

A alternância entre a vida pessoal do Chacal e os bastidores da investigação de Bianca divide o tempo dos protagonistas, o que dilui um pouco a urgência em torno da troca que deveria ser um só comparsa-com-alvo.

Ponto alto: clima de espionagem contemporânea

Apesar dos tropeços, a série brilha como um thriller moderno de espionagem. O roteiro de Ronan Bennett moderniza a premissa de Forsyth ao inserir tecnologia, redes globais e dilemas morais atuais.

A interação entre os talentos físicos do Chacal e a investigação técnica de Bianca gera uma tensão que prende, mesmo quando a temporada parece se prolongar além do necessário.

Pontos positivos

  • Performance marcante de Eddie Redmayne como um assassino emocionalmente impassível.
    • A antagonista Bianca (Lashana Lynch) acrescenta tensão e energia à narrativa.
    • Cenários globais e fotografia estilizada conferem ar cinematográfico.
    • Trama de espionagem moderna com tecnologia, política e moral ambígua.
    • Produção luxuosa e casting de alto nível, com Charles Dance e Úrsula Corberó em papéis notáveis.

Pontos negativos

  • A temporada se alonga com subtramas de menor relevância e personagens pouco atraentes.
    • O foco em vida pessoal do assassino retarda a progressão da caçada.
    • Certas sequências de preparação e crafting de armas são repetitivas e cansativas.

Conclusão

A Temporada 1 de O Dia do Chacal entrega uma experiência intensa de espionagem moderna: visual impressionante, atuações poderosas e narrativa com alcance global. Mesmo com oscilações no ritmo e excessos narrativos em alguns momentos, a série consegue capturar o espectador pela mistura de elegância estética e suspense ­politizado. Redmayne e Lynch formam um eixo moral e emocional que sustenta o thriller até o final.

Recomenda-se a série para quem busca um drama sofisticado, de ambiente cosmopolita e traços clássicos do suspense britânico atualizados para o mundo contemporâneo. A segunda temporada já está confirmada e promete resolver os fios narrativos deixados em aberto, aprofundando ainda mais o confronto entre o assassino perfeito e a agente implacável.

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