Um Dorama Sobre Propósito, Afeto e Pertencimento

Plataforma: Netflix
Gênero: Drama, romance
Temporada: 1ª

Um drama sobre correr… não só na pista, mas na vida

Na Direção do Amor é aquele tipo de dorama que não chega fazendo barulho, mas vai ganhando o coração do espectador pouco a pouco. Com uma abordagem sensível sobre temas como aceitação, propósito e pertencimento, a série mistura romance, cotidiano e conflitos familiares em um roteiro coeso, maduro e bem construído.

Não se trata apenas de um romance, e sim de várias histórias de crescimento — tanto individuais quanto coletivas — que caminham lado a lado.

Enredos entrelaçados com leveza e profundidade

A história gira principalmente em torno de dois casais. O primeiro deles é formado por Seon-Gyeom, um ex-atleta que abandonou as pistas após se envolver em um escândalo para proteger um colega, e Mi-Joo, uma dedicada tradutora de legendas para filmes, que acaba trabalhando com ele logo após sua aposentadoria.

Já o segundo casal carrega mais tensão e ironia. De um lado temos Dan-A, diretora fria e pragmática da Agência Dann, que gerencia a carreira de Seon-Gyeom e não aceita bem sua decisão de sair do esporte. Do outro, Yeong-Hwa, um estudante de artes plásticas que tenta, com leveza e sensibilidade, quebrar o gelo em volta de Dan-A com suas obras.

As histórias se entrelaçam com naturalidade, revelando camadas emocionais de cada personagem sem pressa ou exageros. Enquanto o casal principal tem uma química mais sutil, o segundo aposta no clássico “vai ou não vai”, mantendo o interesse até o último episódio.

Personagens coadjuvantes com peso e propósito

Um dos maiores méritos da série é como ela trata cada personagem com carinho e atenção. Todos têm seus próprios conflitos e trajetórias bem resolvidas, o que enriquece ainda mais a narrativa. Nada fica solto, e cada subplot é importante para o todo.

Temos, por exemplo, o melhor amigo de Yeong-Hwa, Ye-Jun, com um segredo que o consome. Já o pai de Seon-Gyeom, um político influente, coloca a carreira acima da família, criando fraturas profundas, especialmente com a mãe, Ji-Woo, uma atriz em ascensão dividida entre os filhos e a profissão.

Dan-A também revela camadas familiares mais duras ao longo da temporada, especialmente com seu irmão Tae-Woong, e o roteiro não tem medo de mostrar as dificuldades emocionais por trás de sua postura gelada.

Corrida como metáfora da vida

O título do drama não é por acaso. A “corrida” aqui vai muito além do esporte. É metáfora para sonhar, fugir, resistir, insistir e, principalmente, caminhar ao lado de quem importa.

Seja física ou simbólica, a corrida se manifesta em todos os personagens. E só ao final da série é que percebemos a profundidade com que esse tema foi costurado ao longo da trama — sempre com sensibilidade e sem precisar explicar demais.

Visual caprichado e toques de originalidade

Visualmente, Na Direção do Amor também agrada. Há momentos com esboços de cenas que parecem saídas de filmes, o que reforça a delicadeza da produção. E por mais curioso que pareça, até as referências a extraterrestres fazem sentido aqui, funcionando como símbolos de comunicação, pertencimento e estranhamento.

Pode parecer excêntrico, mas tudo faz parte do pacote emocional da série.

Vale a pena assistir?

Sem dúvida. Embora alguns episódios sejam um pouco mais longos e a narrativa possa parecer lenta para quem está acostumado com enredos mais frenéticos, o final compensa — e muito.

Na Direção do Amor é um drama leve, bonito, com personagens cativantes e um equilíbrio honesto entre coração e razão. Pode até não ser o dorama mais falado do ano, mas com certeza está entre os mais humanos.