Alice in Borderland 1ª temporada

Um Jogo Mortal de Sobrevivência Viciante
A Netflix surpreendeu em 2020 ao lançar Alice in Borderland, uma série japonesa baseada no mangá de Haro Aso, que rapidamente conquistou o público com sua mistura de ação, suspense e ficção científica. Com uma atmosfera densa, jogos de vida ou morte e um universo intrigante, a série mergulha o espectador em um mundo distorcido onde a única regra é sobreviver.
Com apenas oito episódios, a primeira temporada é ágil, envolvente e repleta de tensão. A produção combina uma estética moderna com influências de videogames, criando desafios emocionantes que testam os limites físicos e psicológicos de seus personagens. Em pouco tempo, Alice in Borderland se tornou uma das produções asiáticas mais comentadas da plataforma.
Uma Premissa Simples, Mas Extremamente Eficaz
A trama começa em um cenário aparentemente comum: Tóquio. Arisu, um jovem gamer preguiçoso e sem rumo, passa seus dias entre jogos e reclamações. Junto com seus amigos Karube e Chota, ele vive à margem da sociedade. No entanto, em um momento de distração no centro da cidade, eles percebem que algo estranho aconteceu — a metrópole está completamente vazia.
Logo, os três são inseridos em um novo mundo, chamado “Borderland”, onde a sobrevivência depende da participação em jogos mortais. Cada desafio oferece uma carta de baralho como recompensa. As cartas representam o tipo e o nível de dificuldade do jogo. Mas há uma condição: se o “visto” que elas garantem expirar, os jogadores morrem instantaneamente, atingidos por um raio laser vindo do céu.
Os Jogos: Mecânicas, Tipos e Níveis de Tensão
Uma das grandes qualidades da série está na diversidade dos jogos. Cada carta de baralho representa um tipo diferente de desafio: espadas indicam jogos físicos, copas envolvem aspectos emocionais e mentais, ouros representam jogos de equipe, e paus testam a inteligência e a estratégia. A dificuldade é medida pelo número da carta.
Os desafios não são apenas brutais, mas também imprevisíveis. Em um dos episódios mais impactantes, os personagens participam de uma versão perversa de pega-pega dentro de um complexo de apartamentos. Enquanto isso, “pegadores” armados com metralhadoras caçam os jogadores, que precisam encontrar uma sala segura para sobreviver.
Cada jogo é construído com tensão crescente e traz implicações reais para a narrativa. Eles não apenas eliminam personagens, mas também revelam traços profundos de suas personalidades. As escolhas morais, os dilemas éticos e as reações diante do medo são constantemente explorados.
Arisu e o Peso da Liderança
Ao longo da temporada, Arisu emerge como o protagonista emocional e estratégico da série. Inicialmente inseguro, ele logo demonstra ter uma mente analítica aguçada. Mas o preço dessa liderança é alto. A série não poupa o personagem de perdas significativas e traumas profundos, o que o torna mais humano e empático com o passar do tempo.
Sua jornada de autodescoberta é acompanhada por momentos de colapso emocional, especialmente após tragédias pessoais que o obrigam a tomar decisões difíceis. Ao mesmo tempo, ele desenvolve uma conexão sincera com Usagi, uma alpinista solitária que também enfrenta seus próprios fantasmas.
Usagi: Força e Resiliência em Meio ao Caos
Introduzida após os episódios iniciais, Usagi é uma das personagens mais cativantes da série. Com uma história marcada por perdas e superação, ela representa a coragem silenciosa necessária para sobreviver nesse novo mundo. Ao se juntar a Arisu, ela não apenas equilibra a narrativa com sensibilidade, mas também se torna uma parceira estratégica crucial para as fases mais complexas dos jogos.
O relacionamento entre os dois não é forçado. Ele se desenvolve de forma gradual, sem precisar recorrer a clichês românticos. A parceria entre Arisu e Usagi é construída na base da confiança, da dor compartilhada e da vontade mútua de entender o funcionamento do Borderland.
Estética e Direção: Um Visual Impressionante
Alice in Borderland é visualmente impressionante. Desde a cidade deserta de Tóquio até os cenários dos jogos, tudo é construído com alto nível de detalhamento. A sensação de isolamento é palpável, especialmente nos primeiros episódios, e a direção de arte contribui para o clima tenso e misterioso.
Os efeitos visuais são bem executados, especialmente nas cenas dos jogos e nos momentos de maior impacto. A série também se beneficia de uma trilha sonora que sabe pontuar a tensão sem ser invasiva. O design de som, com seus silêncios estrategicamente posicionados e picos de adrenalina, amplifica a experiência de forma notável.
Influências Claras, Mas Bem Integradas
É possível perceber influências de diversas obras ao longo da série. Elementos de Battle Royale, Jogos Mortais, Black Mirror e até mesmo The Hunger Games são visíveis. No entanto, Alice in Borderland consegue criar sua própria identidade, combinando essas referências com uma estética japonesa moderna e uma narrativa que prioriza o desenvolvimento psicológico dos personagens.
Os jogos, apesar de extremamente violentos, não são gratuitos. Cada um deles serve para mover a história, revelar verdades ocultas ou provocar rupturas emocionais. O uso da violência aqui é narrativo e simbólico, o que diferencia a série de muitas outras produções do gênero.
Pontos Fortes e Fracos da Primeira Temporada
Entre os principais pontos fortes da série estão:
- A variedade e criatividade dos jogos
- A construção de mundo envolvente
- O desenvolvimento emocional de Arisu
- A estética visual e a direção de arte
No entanto, a série não é isenta de falhas. A caracterização de alguns personagens secundários deixa a desejar. Muitos deles surgem e desaparecem rapidamente, sem tempo suficiente para criar conexão com o público. Apesar disso, a série tenta compensar com flashbacks, que nem sempre têm o peso emocional esperado.
Um destaque positivo entre os coadjuvantes é Kunai, personagem que ganha uma trajetória mais sólida e representativa ao longo de seus episódios. Seu arco é bem construído e contribui para a diversidade e profundidade da série.
Um Final de Temporada Repleto de Ganchos
O desfecho da primeira temporada deixa o espectador ávido por mais. As revelações sobre a origem do Borderland e seus “administradores” abrem espaço para questionamentos filosóficos e uma expansão promissora da mitologia da série. A tensão final é alta, e o gancho para a segunda temporada é executado com competência.
Mesmo que algumas respostas ainda estejam pendentes, o saldo da primeira temporada é extremamente positivo. A série consegue equilibrar ação, drama e suspense com eficiência e deixa claro que ainda há muito o que explorar nesse universo cruel e fascinante.
Conclusão: Vale a Pena Assistir?
Alice in Borderland é, sem dúvida, uma das melhores séries de ficção científica e sobrevivência lançadas na Netflix nos últimos anos. Com uma narrativa envolvente, visuais caprichados e jogos que prendem a atenção do começo ao fim, a produção japonesa eleva o nível do gênero com frescor e intensidade.
Apesar de alguns tropeços pontuais na profundidade de personagens secundários, a série brilha em seu núcleo emocional, em sua proposta estética e no ritmo acelerado. É viciante, impactante e oferece uma experiência cinematográfica única dentro do universo das séries asiáticas da Netflix.
Se você gosta de histórias sobre sobrevivência, dilemas morais, mistério e personagens reais colocados em situações extremas, Alice in Borderland merece um lugar na sua lista de prioridades.
Assista o Trailer abaixo
Share this content: