A Lista Terminal

Crítica da 1ª temporada de A Lista Terminal no Prime Video
Lançada no Prime Video, A Lista Terminal se apresenta como uma das produções mais comentadas da plataforma. Estrelada por Chris Pratt, a série adapta o best-seller homônimo de Jack Carr e mergulha o espectador em uma trama repleta de conspirações, ação intensa e reflexões sobre vingança e militarismo.
Ao longo de seus oito episódios, acompanhamos a trajetória do comandante James Reece, um oficial da marinha norte-americana (Navy SEAL) que, após uma missão desastrosa, descobre que nada é como parece. A partir desse ponto, sua vida se transforma em uma jornada brutal por justiça, cercada por dúvidas, memórias fragmentadas e inimigos poderosos.
Mas será que a produção consegue equilibrar ação explosiva, suspense psicológico e profundidade dramática? É isso que vamos analisar nesta crítica completa da primeira temporada de A Lista Terminal.
Sinopse da série
A Lista Terminal acompanha James Reece (vivido por Chris Pratt) em um momento devastador de sua vida. Durante uma operação secreta no exterior, toda sua equipe é emboscada. Reece sobrevive, mas retorna para casa atormentado por memórias distorcidas, pesadelos recorrentes e a sensação de que algo muito maior está em jogo.
Conforme tenta se reaproximar da família e lidar com o luto, o comandante passa a desconfiar que a tragédia sofrida não foi um acidente, mas sim o resultado de uma conspiração cuidadosamente arquitetada. A cada episódio, o protagonista descobre novos detalhes e amplia sua lista de culpados, dando início a uma jornada de vingança implacável.
Essa narrativa mistura ação militar de alto impacto com drama psicológico, ao mesmo tempo em que levanta questionamentos sobre até onde um homem pode ir quando não tem mais nada a perder.
A ambientação e o estilo da narrativa
Grande parte da série é ambientada na Califórnia, mas também se expande para cenários internacionais. Essa variação dá ao enredo uma atmosfera de instabilidade constante, como se o público estivesse sempre à beira de um novo confronto.
A produção não hesita em mostrar o lado mais brutal da guerra e das operações militares. Os flashbacks que Reece vivencia servem para reforçar o trauma e a paranoia do personagem, criando uma narrativa que alterna entre presente e passado de maneira quase sufocante.
Esse estilo de contar a história prende o espectador, mas também pode gerar a sensação de excesso. Em alguns momentos, as repetições e transições constantes tornam o ritmo arrastado, especialmente na metade da temporada.
O treinamento dos Navy SEALs e a verossimilhança
Um dos destaques de A Lista Terminal é a atenção ao detalhe quando retrata os Navy SEALs. A série mostra como esses soldados são treinados para atuar em qualquer ambiente: mar (Sea), ar (Air) e terra (Land). O realismo das sequências de combate, das estratégias de infiltração e do uso de armamentos impressiona.
Esse cuidado torna as cenas mais imersivas e reforça o senso de autenticidade. Para o público que gosta de produções militares, esse é um prato cheio. A preparação dos atores e a consultoria de especialistas ficam evidentes, o que dá à série um ar de credibilidade que nem sempre é alcançado nesse gênero.
Crítica ao militarismo e aos grupos paramilitares
Curiosamente, a série traz uma abordagem ambígua em relação ao militarismo. Ao mesmo tempo em que glorifica a coragem e a disciplina dos SEALs, também denuncia o peso do trauma e os danos psicológicos que acompanham esses soldados.
Outro ponto forte é a crítica aos grupos paramilitares que atuam com aval político dentro do território americano. Esse debate dá uma camada extra à trama, levantando questões éticas sobre o uso da força e o limite da legalidade em prol de interesses particulares.
Essa mistura de elogio e denúncia cria uma narrativa complexa, que não se resume a ser apenas uma glorificação do poder militar.
A atuação de Chris Pratt
Chris Pratt, conhecido por papéis mais leves e carismáticos como Peter Quill em Guardiões da Galáxia e Owen Grady em Jurassic World, aqui assume uma faceta totalmente diferente. Como James Reece, ele se entrega a um personagem marcado pelo luto, pelo trauma e pela obsessão.
No entanto, a performance de Pratt divide opiniões. Em muitos momentos, ele entrega emoção e intensidade, mas também tende a repetir a mesma expressão abatida ao longo da temporada. Essa escolha pode transmitir constância no sofrimento do personagem, mas também limita a versatilidade do ator.
Curiosamente, é no quinto episódio que vemos uma mudança: Pratt parece encontrar uma zona de conforto, ainda que em um dos capítulos mais sombrios da série. Esse equilíbrio entre momentos inspirados e outros mais mecânicos compõe uma atuação que surpreende, mas que poderia ser mais rica em nuances.
O brilho de Constance Wu
Se Chris Pratt tem seus altos e baixos, Constance Wu rouba a cena em muitos momentos. Interpretando a repórter investigativa Katie Buranek, ela traz frescor e determinação à narrativa. Sua personagem funciona como contraponto à brutalidade de Reece, sendo peça-chave para desvendar a conspiração que move a trama.
Wu entrega uma performance convincente, que equilibra firmeza e sensibilidade. Sua presença é um dos grandes acertos da temporada, mostrando que a história vai além da jornada solitária de vingança do protagonista.
Produção e direção
A produção executiva de Chris Pratt garante a ele maior liberdade criativa, mas também impõe limitações. A série muitas vezes parece indecisa entre focar no passado traumático de Reece ou em sua vingança presente. Essa ambiguidade gera momentos de força, mas também episódios que parecem alongados sem necessidade.
O design de produção merece destaque. Os cenários são detalhados e transmitem a atmosfera sufocante que acompanha o protagonista. As sequências de ação são bem coreografadas e impactantes, enquanto os flashbacks são construídos com transições que intensificam a sensação de paranoia.
Ainda assim, a série poderia ter sido mais enxuta. Com oito episódios, em alguns momentos dá a impressão de que há mais conteúdo do que a trama realmente precisava.
Os episódios em destaque
Primeiros episódios: um início promissor
Logo nos primeiros capítulos, a série prende a atenção do público ao apresentar a tragédia e o trauma de James Reece. A combinação de ação militar e drama psicológico cria uma base sólida e promete uma temporada envolvente.
Meio da temporada: ritmo arrastado
Do quarto ao sétimo episódio, o ritmo se torna irregular. A série mergulha em flashbacks repetitivos e memórias fragmentadas, o que pode cansar parte do público. Essa “barriga” narrativa compromete a fluidez e dá a sensação de que a história poderia ser contada de forma mais direta.
Episódio final: o acerto de contas
No oitavo episódio, A Lista Terminal retoma o fôlego e entrega um desfecho que amarra a jornada de vingança de Reece. É nesse momento que a série mostra seu potencial máximo, ainda que chegue ao fim com a impressão de que poderia ter sido mais equilibrada ao longo do caminho.
Comparações e referências
Para quem gosta de thrillers militares e histórias de vingança, A Lista Terminal pode lembrar produções como Jack Ryan, também disponível no Prime Video, ou até Reacher, outra série do catálogo que aposta em protagonistas implacáveis contra grandes conspirações.
A diferença é que, enquanto Jack Ryan aposta mais no suspense de espionagem e Reacher em um herói quase invencível, A Lista Terminal se concentra no impacto psicológico da guerra e no peso da vingança.
Pontos fortes da temporada
- Realismo nas cenas de combate e no retrato dos Navy SEALs
- Constance Wu como contraponto essencial à brutalidade de James Reece
- Atmosfera sombria e sufocante que reforça a paranoia do protagonista
- Desfecho intenso e satisfatório no episódio final
Pontos fracos da temporada
- Ritmo irregular, especialmente nos episódios intermediários
- Excesso de flashbacks e repetições que prejudicam a fluidez
- Atuação de Chris Pratt que, embora convincente em parte, carece de maior variedade emocional
- Número de episódios maior do que a trama realmente necessitava
Conclusão
A Lista Terminal é uma série que entrega ação intensa, suspense e um olhar sombrio sobre os efeitos da guerra. Apesar de alguns tropeços no ritmo e da falta de ousadia em explorar mais o potencial de Chris Pratt, a produção consegue cumprir seu papel de entreter e provocar reflexões.
O Prime Video acerta ao investir em uma trama que mistura realismo militar com drama psicológico, ainda que nem sempre consiga equilibrar todos os elementos de forma consistente. Para quem gosta de histórias de vingança e conspirações, a primeira temporada é uma experiência envolvente, que deixa espaço para discussões sobre militarismo, ética e os limites da justiça pessoal.
Se vale a pena assistir? Sim, especialmente se você busca uma produção intensa, que mistura ação visceral com um protagonista perturbado e determinado. Mas vá preparado: entre altos e baixos, A Lista Terminal é tão implacável quanto o próprio James Reece.
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