Stranger Things 5 Volume 1: Duffer Brothers explicam final chocante, os novos poderes de Will, o retorno de Eight e o destino de Max e Holly
Em conversa longa com a Variety, os irmãos Duffer revelam decisões de narrativa, efeitos visuais, logística da grande cena de batalha e o que já pode ser dito sobre a segunda parte da temporada final
O episódio “Sorcerer”, que encerra o Volume 1 de Stranger Things 5, deixou fãs atônitos: crianças de Hawkins são sugadas para o Upside Down, o Exército é massacrado e Vecna reaparece mais forte — até que Will Byers surpreende ao mobilizar um poder que até então não conhecíamos. Em uma entrevista extensa publicada pela Variety, Matt e Ross Duffer explicaram as motivações por trás das decisões criativas, como Will passou a acessar habilidades inéditas, por que a personagem Eight voltou e o que esperar da Parte 2.
Will: um poder inesperado ligado à “mente-hive” de Vecna
Os irmãos Duffer confirmam que o poder de Will é diferente do de Eleven: em vez de telecinesia autônoma, Will consegue “canalizar” a força coletiva do Upside Down — o que eles chamam de hive mind (mente-hive) — e manipular criaturas conectadas a ela. “Ele não abre portas — portas não fazem parte dessa mente coletiva”, explicou Matt Duffer. Ross complementa que Will só acessa esse poder por estar fisicamente ligado à mente de Vecna: “Se ele não estiver perto, não consegue usar.”
Segundo os criadores, a ideia de Will com poderes não é nova: já havia ecos disso nas temporadas anteriores, quando ele mostrava conexões com Vecna. A novidade é o momento emocional que desencadeia a descoberta: lembranças afetivas e o incentivo de Robin — que ajudou Will a enfrentar sua própria identidade emocional — funcionam como catalisadores para que ele finalmente use essa habilidade em batalha, poupando os amigos e matando os Demogorgons que os atacavam.
O final de Volume 1 e o impacto narrativo
Na cena que fecha o Volume 1, Vecna confronta Will e exibe sua visão dos “perfeitos recipientes” — as crianças que ele pretende transformar. Quando tudo parece perdido, Will se conecta à mente coletiva e detém os monstros, encerrando o episódio com uma imagem marcante: ele limpa o sangue do nariz, espelhando o gesto icônico de Eleven.
Os Duffers dizem que a decisão de terminar essa primeira parte com a captura das crianças e a revelação do poder de Will foi pensada para deixar um ponto baixo — o sequestro em massa — e um contraponto de esperança, com Will ganhando força. Eles também explicaram por que evitaram mortes significativas no Volume 1: o arco emocional precisava desembocar nesse momento de virada.
A grande sequência de batalha: logistica, oner e efeitos
O cerco à base militar e a fuga das crianças renderam uma das cenas tecnicamente mais complexas da série. Matt Duffer definiu o “oner” (sequência de tomada longa) do episódio como “o mais difícil que já fizemos”, em razão da combinação de atriz/atores mirins, efeitos práticos, stunts e composição digital. Por limitações de trabalho noturno com crianças, a sequência foi filmada em blocos e costurada em várias tomadas, embora mantenha a sensação de imersão e continuidade.
Além disso, a reformulação de Vecna exigiu trabalho pesado de VFX: depois dos ferimentos no final da temporada anterior, o vilão aparece com uma aparência reconstruída — com perfurações no corpo que levaram os produtores a apostar em CG completo para partes da criatura, enquanto a atuação facial continua sendo de Jamie Campbell Bower, com maquiagem e captura de movimento.
Eight retorna e o reaproveitamento de arcos antigos
A reaparição da personagem conhecida como Eight (interpretada por Linnea Berthelsen), mantida em cativeiro por militares no Upside Down, foi descrita pelos irmãos como uma forma de amarrar pontas soltas e honrar um fio narrativo deixado em aberto desde a Temporada 2. Ross Duffer afirmou que a intenção sempre foi não descartar tramas anteriores e que, além disso, a atriz merecia uma chance maior de explorar o papel.
O retorno de Eight também funciona dramaticamente para cercar o arco de Eleven: sua presença auxilia na conclusão da jornada da garota criada no laboratório de Hawkins e ajuda a conectar eventos ao longo das temporadas.
Max, Holly e o mindscape: o que já sabemos
Max segue fora de cena no início do Volume 1, mantida num estado de coma ligado à mente de Vecna — uma abordagem que os criadores compararam ao filme The Cell, por explorar a entrada na mente de um serial killer. A novidade é que Holly Wheeler, pequena personagem presente desde a primeira temporada, ganha uma presença relevante: ela é revelada como parte do grupo de crianças capturadas e está fisicamente presa dentro da estrutura/templo que Will enxerga em visão.
Os Duffers confirmam que a visão que Will tem do templo — onde vê Holly — remete a um local real naquele momento, não a uma premonição. A arcologia mental de Vecna (apelidada por Holly como Camazotz) será explorada mais adiante, com Max e Holly tendo um fluxo narrativo mais isolado que deve se conectar com as outras frentes na Parte 2.
Outros pontos: casting, efeitos de juventude e ligações com o universo expandido
Para a cena de flashback com versões muito jovens de personagens como Will e Mike, a produção recorreu ao estúdio Weta para efeitos faciais em vez de face replacement dispendioso. Os Duffers elogiaram o trabalho minucioso nos detalhes — iluminação, expressões — para evitar o uncanny valley e manter realismo.
Sobre conexões com a peça derivada The First Shadow, os irmãos afirmaram que há sobreposições de historias de fundo — especialmente ligadas a Henry Creel —, mas insistiram que tais referências funcionam como referencias escondidas: para quem não viu a peça segue sem problemas.
Por fim, perguntas centrais, como as motivações completas de Vecna e a origem total da parede entre mundos, seguem parcialmente em aberto. Os Duffer garantem que muita coisa será respondida na reta final, e avisam que Volume 2 trará memórias, respostas e confrontos decisivos.
Esta temporada prova que, mesmo nos momentos em que tudo parece perdido, os roteiristas apostam em reviravoltas emocionais e em amarrar arcos antigos para entregar um encerramento que seja ao mesmo tempo catártico e surpreendente.
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